Rede Brasil Atual-Internautas estão promovendo um boicote massivo ao Nubank após a cofundadora do banco, Cristina Junqueira, divulgar um evento da produtora de extrema-direita Brasil Paralelo. Como resultado, o Nubank tornou-se um dos tópicos mais comentados no X (ex-Twitter) nesta terça-feira (16).
Cristina Junqueira compartilhou em suas redes sociais um convite para o evento “We Who Wrestle With God”, com palestra do psicólogo canadense Jordan Peterson, conhecido por suas opiniões conservadoras, antifeministas e anti-LGBT. A Brasil Paralelo, organizadora do evento, está atualmente engajada na campanha pela aprovação do Projeto de Lei 1904/2024, que equipara o aborto após a 22ª semana de gestação ao crime de homicídio.
A Brasil Paralelo é notória por produzir vídeos revisionistas que propagam teorias conspiracionistas da extrema-direita. Recentemente, a produtora lançou um documentário que apresenta a versão do agressor de Maria da Penha, cuja lei de enfrentamento à violência doméstica leva seu nome.
Além disso, a produtora foi alvo de investigação pela CPI da Pandemia por disseminar vídeos antivacina e questionar a gravidade da covid-19. Essa associação com a Brasil Paralelo causou grande indignação, pois o Nubank é conhecido por promover campanhas de valorização da diversidade, o que gerou uma evidente contradição.
A relação entre a cofundadora do Nubank e a Brasil Paralelo trouxe à tona uma grave denúncia contra o banco, divulgada pelo site The Intercept Brasil. Segundo a reportagem, o Nubank encobriu um escândalo envolvendo um funcionário, Konrad Scorciapino, que criou um fórum de ódio. Em 2016, Scorciapino foi exposto por fazer publicações xenofóbicas nas redes sociais.
Konrad Scorciapino também é apontado como um dos fundadores do 55Chan, um fórum conhecido por disseminar crimes de ódio, pornografia infantil e antissemitismo, conforme revelou a Agência Pública. Atualmente, ele é diretor de tecnologia da Brasil Paralelo, reforçando os vínculos entre o banco e a produtora.
Clientes do Nubank estão não apenas cancelando suas contas e cartões, mas também questionando a instituição sobre suas relações com a Brasil Paralelo. A contradição entre as ações progressistas promovidas pelo banco e a associação com uma produtora de extrema-direita gerou uma reação negativa significativa.
Até o momento, o Nubank limitou-se a afirmar que “não compactua com opiniões de colaboradores” e que em breve emitirá uma nota oficial sobre o assunto. A resposta do banco não foi suficiente para conter a insatisfação de muitos de seus clientes.
A onda de cancelamentos demonstra a sensibilidade dos consumidores em relação às associações políticas e ideológicas das empresas. Em um mercado cada vez mais atento a questões de responsabilidade social e diversidade, a postura do Nubank em relação a este episódio será crucial para sua imagem.
A situação sublinha a importância de coerência entre o discurso e as ações das empresas, especialmente em tempos de polarização política e social. O desenrolar deste caso pode servir como um exemplo significativo de como as relações institucionais e pessoais podem impactar a percepção pública e o sucesso empresarial.